Emoção e medo

Despedida tocante de Massa em Interlagos e assalto a membros da Mercedes marcam etapa da F-1 no Brasil

Julianne Cerasoli e Luiza Oliveira Do UOL, em São Paulo
Mark Thompson/Getty Images
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Massa, de cabeça erguida

Há quem diga que Felipe Massa teve a despedida perfeita no GP do Brasil do ano passado. Mas faltava um bom resultado. E por mais que o sétimo lugar possa parecer aquém das vitórias e pódios do piloto brasileiro de maior sucesso em Interlagos na história, foi a melhor performance de Massa no ano, classificada por ele mesmo como uma vitória.

De fato, não havia muito mais que Massa poderia ter feito no último domingo, chegando atrás apenas das três equipes com equipamento claramente superior e segurando por várias voltas no final Fernando Alonso e Sergio Perez, com os pneus já bastante desgastados.

Não é à toa que Massa saiu do carro dizendo que considerava sua corrida uma vitória, bem diferente da batida no muro de 12 meses atrás.

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Violência mancha imagem do GP Brasil

O GP do Brasil tinha tudo para ser uma grande festa para Felipe Massa, mas acabou marcado por episódios de violência. Na noite de sexta-feira, mecânicos da equipe Mercedes que estavam em uma van foram atacados por assaltantes armados, que cercaram o veículo em dois carros e roubaram pertences pessoais dos profissionais.

O episódio gerou grande abalo e uma sensação de insegurança entre as equipes e ainda revoltou a alta cúpula da FIA e da FOM. A FIA tratou o episódio como uma emboscada e soltou uma nota aconselhando os profissionais a tirarem suas credenciais e a até trocarem suas roupas. O piloto Lewis Hamilton também se pronunciou com indignação nas suas redes sociais.

O policiamento na região foi bastante reforçado com viaturas e homens armados, mas ainda assim se mostrou ineficiente. Mesmo depois de tomadas as medidas, um novo episódio ocorreu. Na madrugada de domingo, um carro com membros da equipe Sauber sofreu uma tentativa de assalto e foi perseguido na saída do autódromo. O veículo foi cercado por outros dois, que começaram a bater contra ele, tendo de forçá-los a parar. Mesmo seguindo adiante, o carro foi seguido até o hotel, de acordo com os membros da Sauber presentes.

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"Brasil é passado, presente e futuro da F-1", diz executivo

Muito se falou sobre o futuro do Brasil na F-1 em geral e também da corrida em São Paulo. O UOL falou com exclusividade com o diretor comercial da categoria, Sean Bratches, que destacou o papel do país no esporte. "O Brasil faz parte do passado, do presente e do futuro da F-1 e vamos fazer todo o possível para nos mantermos aqui, pois essa região é muito importante para nós comercialmente", disse.

Apesar de considerar Interlagos uma das pistas tradicionais que deseja manter no calendário, Bratches abriu a possibilidade da casa do GP Brasil mudar: "Nosso projeto é ter um equilíbrio entre pistas mais antigas e circuitos de rua".

Do lado brasileiro, o prefeito João Dória assegurou que o projeto de privatização será finalizado já no primeiro semestre do ano que vem e o UOL flagrou uma longa conversa do político com o ex-dono da F-1, Bernie Ecclestone, que disse ser um dos interessados. "Grupos nacionais e internacionais estão interessados", afirmou Dória.

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Frases da corrida

Obrigado a todos vocês. Amo vocês, vou sentir muita falta. A emoção que eu senti hoje foi imensa, igual ao ano passado. Um dia que nunca vou esquecer na vida

Felipe Massa

Felipe Massa, piloto da Williams, sobre a última corrida pela F-1 no Brasil

Me quebrou completamente. O resultado já me quebrou completamente e ver ele (Felipinho) entrando no rádio me quebrou mais ainda

Felipe Massa

Felipe Massa, sobre a homenagem do filho no rádio da Williams após a prova

Pai, tenho muito orgulho de você. Vou te apoiar em qualquer lugar que você vá. Eu te amo. Por sinal, amei a sua largada

Felipinho

Felipinho, filho de Massa, em mensagem ao pai no rádio da Williams após a prova

Só levo coisas positivas do Brasil. Gosto muito de vir para cá, não levo nada de negativo. Eu amo esse país

Lewis Hamilton

Lewis Hamilton, minimizando o episódio do assalto a membros da Mercedes

Tive a chance de apertar por dentro na largada e tentei controlar a corrida a partir dali. Estou satisfeito pelos caras da equipe que trabalharam tão duro

Sebastian Vettel

Sebastian Vettel, sobre a ultrapassagem sobre Bottas e a vitória no Brasil

Hoje foi divertido e me lembrou dos dias de kart. Eu dei duro para ganhar o máximo possível de posições. Estou feliz de ter ganho 16 posições em relação ao grid. Quis deixar minha equipe feliz hoje e me redimir o máximo possível de ontem

Lewis Hamilton

Lewis Hamilton, sobre a largada dos boxes e a prova de recuperação após acidente na classificação

Muito bom! Nós definitivamente merecemos os pontos hoje. Ano que vem será divertido

Fernando Alonso

Fernando Alonso, 8º lugar, em comunicação de rádio com os boxes da McLaren

Era a melhor posição que poderíamos conseguir. A gente perdeu muito nas retas, como deu para ver quando o Lewis me passou

Max Verstappen

Max Verstappen, sobre o desempenho no GP do Brasil, com a 5ª colocação

É triste, é lamentável o que ocorreu. Felizmente não houve uma pessoa ferida, não houve uma situação mais trágica. Mas é ruim, temos é que extrair disso uma boa lição, e para os próximos eventos em São Paulo aumentar ainda mais a segurança

João Dória

João Dória, prefeito de São Paulo, sobre o assalto a integrantes da Mercedes na noite de sexta-feira

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Bastidores

Reprodução/Globo Reprodução/Globo

Lewis Hamilton chama Anitta para salinha

Anitta causou furor no GP do Brasil, especialmente pela amizade com Hamilton. Algumas horas antes da corrida, a cantora estava passeando pelo paddock quando Hamilton, que estava dentro do escritório da Mercedes, a viu e fez um sinal para que ela entrasse. Os dois foram para uma sala interna e por lá ficaram. A cantora curtiu bastante o passeio. Cantou o hino nacional, ficou em um camarote do Renault e fez um tour pelos boxes.

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Hamilton incomodado com perseguição

O tetracampeão do mundo atraiu todos os holofotes no GP Brasil. Cada passo do inglês pelo paddock era acompanhado de perto. A perseguição foi tamanha que o piloto se irritou com as equipes de televisão que o seguiam com a câmera a postos até quando ele ia ao banheiro. Lewis Hamilton reclamou com o seu estafe, que conversou com os veículos para darem uma maneirada.

Moacyr Lopes Junior/Folhapress Moacyr Lopes Junior/Folhapress

Goteira na Mercedes

Nem tudo é glamour na F-1. O escritório da Mercedes no paddock apresentou problemas estruturais que causaram transtorno para os funcionários e convidados. Isso porque a tubulação do ar condicionado, que era aparente, acumulou muita água. Assim, surgiram várias goteiras que mais pareciam cachoeiras tanto na área interna onde a equipe trabalha, quando na parte dos convidados. Uma goteira apareceu do lado do buffet onde era servido o almoço.

Luiza Oliveira/UOL Luiza Oliveira/UOL

Torcedores "malas"

Uma parte da torcida brasileira no Grande Prêmio do Brasil teve um comportamento bem inconveniente. Muitos deles se acumularam nos camarotes em cima do cercadinho, local onde os pilotos dão entrevistas após os treinos e corridas, para ver os ídolos e tirar fotos. Na tentativa de chamar a atenção dos pilotos para que eles olhassem para cima, muitos deles começavam a gritar.

Reprodução/F-1 Reprodução/F-1

Rubinho emocionado

Rubens Barrichello saiu da F-1, mas a F-1 não saiu dele. O piloto ficou emocionado de voltar a Interlagos e disse que correr de Stock Car no local não dá a mesma sensação. "Vou estar correndo aqui daqui a pouco, mas não é igual. Fui passear ali , tive que vir para trás porque parecia que eu era um piloto atual e não ia conseguir sair dali, é uma coisa gostosa. Fico arrepiado", afirmou.

Reprodução Reprodução

Senna está vivo

Ayrton Senna ainda está muito presente em Interlagos para a torcida brasileira. Entre os fãs, vários usavam roupas e acessórios que remetem ao piloto e até cartazes em homenagem ao ídolo. No final da prova, os torcedores invadiram a pista para celebrar a vitória de Sebastian Vettel e a despedida de Felipe Massa. Mas o primeiro grito que se ouviu foi: "Senna, Senna".

Quem foi bem

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Hamilton deu show

Foram 11 ultrapassagens na pista para Lewis Hamilton sair dos boxes para chegar em quarto lugar no GP do Brasil. O inglês não saiu de Interlagos satisfeito pelo erro na classificação, mas provou que a conquista do título antecipado não tirou sua vontade. "Mostrei que ainda tenho vontade no meu coração", disse.

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Vettel faz a lição de casa

Em um dia em que Mercedes e Ferrari tiveram ritmo muito semelhante, Vettel fez a diferença nos primeiros metros. Com uma largada melhor do que Bottas, ele pulou na ponta e depois controlou uma vantagem que não passou de 3s por toda a prova para evitar que o rival usasse a potência adicional de seu motor.

Quem foi mal

Clive Mason/Gettty Images Clive Mason/Gettty Images

Companheiro de Massa vai mal

Lance Stroll não se encontrou por todo o final de semana do GP do Brasil. Desde os treinos livres, o canadense foi muito mais lento que o companheiro Felipe Massa, levando quase um segundo na classificação e, na corrida, em nenhum momento andando na zona de pontuação. Em um dia no qual a Williams gastou mais os pneus do que os rivais diretos, o piloto de 18 anos ainda acabou destruindo o dianteiro esquerdo no final e chegou em último.

AFP PHOTO / GREG BAKER AFP PHOTO / GREG BAKER

Renault sai com um pontinho

Para quem chegou a ser acusada de sabotagem durante o final de semana pela própria cliente Toro Rosso, a Renault decepcionou com apenas um ponto. O time ficou sob os holofotes depois que a Toro Rosso emitiu um comunicado falando na suspeita que os recentes problemas em seu motor teriam a ver com a luta pela sexta posição entre os construtores. O time italiano está quatro pontos na frente com uma corrida para o fim.

Reprodução/TV Globo Reprodução/TV Globo

UOL Vê TV: o beijo de Galvão

Galvão Bueno não esconde sua amizade com Felipe Massa, mas no domingo o narrador esportivo levou sua intimidade ao limite e virou piada na internet. Ao entrevistar o amigo, que se despede da Fórmula 1 neste ano, a estrela da TV protagonizou um momento embaraçoso entre ele, Massa e a mulher do piloto, Anna Raffaela Bassi.

No "Esporte Espetacular", Galvão finalizou a entrevista com Massa chamando a mulher do piloto. Após declarar seu amor, Raffaela desejou boa sorte ao marido e beijou o rosto de Galvão. A empresária, casada há dez anos com Massa, tentou se despedir beijando o marido, mas foi surpreendida ao ver Galvão "invadindo" o espaço entre os dois e beijando o rosto do piloto antes da mulher.

Nas redes sociais, muitos telespectadores brincaram com o episódio. "Galvão quase deu um beijo na boca do Massa", brincou um telespectador.

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Análise: Interlagos, para o bem e para o mal

Os 5s4 que dividiram os quatro primeiros colocados do GP do Brasil são a prova de mais uma corrida altamente competitiva em Interlagos, comprovando que, mesmo sem a chuva que vira e mexe serve para dar ainda mais emoção ao GP do Brasil, trata-se de uma pista que dá chances para os pilotos se recuperarem e terem disputas na pista. Ainda mais em uma temporada que vem sendo muito competitiva em seu final, com Mercedes e Ferrari em um nível muito parecido.

Porém, ao mesmo tempo em que a ação na pista não decepciona, fora dela questões políticas e econômicas, além de todo o problema de segurança que está longe de ser novidade, mas que ganhou grande destaque neste final de semana, mostram que o Brasil precisa de mais do que um piloto para manter sua importância na categoria.

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