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Renan Calheiros diz que Janot participou de "espetáculo de mau-caratismo"

Em foto de 2015, o então presidente do Senado, Renan Calheiros, recebe Rodrigo Janot - Alan Marques/Folhapress
Em foto de 2015, o então presidente do Senado, Renan Calheiros, recebe Rodrigo Janot Imagem: Alan Marques/Folhapress

Gustavo Maia

Do UOL, em Brasília

06/09/2017 19h29

O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) acusou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de "perseguir pessoas" e de participar de "um espetáculo de mau-caratismo e desonestidade sem precedentes". Sem citar Janot, ele disse esperar "que todos os corruptos, inclusive os travestidos de mártires da ética, sejam, enfim, conhecidos".

As declarações estão em uma nota divulgada por Renan nesta quarta-feira (6), na qual o peemedebista faz menção à abertura de investigação, anunciada por Janot na segunda (4), para apurar a omissão de informações no acordo de colaboração premiada firmado por três dos sete delatores do grupo JBS, após a descoberta de uma nova gravação.

O procurador-geral afirmou que uma das frentes da investigação vai apurar a participação de Marcelo Miller, ex-procurador da República e ex-braço direito do próprio Janot, nas negociações para fechar a delação da JBS.

Na nota, Renan diz achar estranho que o procurador só tenha "descoberto" (entre aspas) na semana passada a relação de Miller "com os bandidos", já que as "espúrias relações" já eram de conhecimento público.

Denunciado por Janot no último dia 25, em inquérito sobre irregularidades na Transpetro, estatal ligada à Petrobras, no âmbito da operação Lava Jato, Calheiros lembrou ainda do pedido de prisão que o procurador-geral apresentou contra ele no ano passado, que segundo ele "atirou o país numa crise institucional".

Leia abaixo a nota na íntegra:

"Os fatos que jogam graves suspeitas sobre a conduta de Janot nos acordos de delação confirmam o que alerto desde o início. O procurador generalizou as acusações, tentou mostrar que todo mundo é corrupto, acusou sem provas, perseguiu pessoas e multiplicou investigações sobre os mesmos assuntos.

Agora ficou claro o motivo. O grupo de procuradores e os métodos ilegais subjacentes às negociações da J&F são os mesmos das delações de Nestor Cerveró, Delcídio Amaral e Sérgio Machado, orientados a citar meu nome indevidamente e gravar conversas sem autorização judicial para escaparem impunes. Foi com base na gravação armada feita por Machado que o procurador pediu a prisão do presidente de um Poder, atirando o país numa crise institucional. De tão frágil o inquérito derivado dessa delação foi arquivado pela PF.

Estranho é o procurador só ter "descoberto" as relações do seu braço direito na PGR com os bandidos na última quinta-feira, sendo que todo mundo já sabia dessas espúrias relações. O que se vê é um espetáculo de mau-caratismo e desonestidade sem precedentes. Espero que tudo se esclareça e que todos os corruptos, inclusive os travestidos de mártires da ética, sejam, enfim, conhecidos."