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Cristovam Buarque é chamado de "golpista" e cancela lançamento de livro em MG

Carlos Eduardo Cherem

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte

18/07/2017 22h12

Hostilizado e chamado de "golpista" por participantes do encontro anual da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) nesta terça-feira (18), no campus da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), o senador Cristovam Buarque (PPS-DF) cancelou o lançamento de seu livro Mediterrâneos Invisíveis, que ocorreria no período da tarde de hoje em Belo Horizonte.

Pela manhã, Buarque participou de mesa redonda no encontro sobre as “saídas para a crise política e econômica do país”. Quando deixou o local para almoçar, o senador foi seguido por alguns estudantes e professores, chamado de “golpista” e “traidor da educação”.

Após o imbróglio, alegando falta de segurança, Buarque cancelou o lançamento do livro e deixou o local.

À noite, o senador voltou a ser xingado e insultado por manifestantes na entrada do Teatro Cidade, área central da capital mineira, e precisou ser escoltado por dez soldados da PM (Polícia Militar) do Estado.

Buarque discutiu com manifestantes, acenou para o grupo que o hostilizava e chegou a mandar beijos para pessoas que o filmavam com celulares. Acusado de golpista e traidor, ele retrucou para um homem, chamando-o de "corrupto".

A reportagem do UOL ligou para o gabinete de Buarque no Senado Federal, mas as ligações não foram atendidas.

Em rede social, o senador se manifestou sobre os episódios. "Um grupo de manifestantes me abordou de forma bastante desrespeitosa. Para pessoas que têm opiniões contrárias e agem dessa forma, envio meu recado: viver num país em que se é hostilizado por pensar diferente é mais um incentivo para que eu continue a minha luta pela educação", afirmou.

Político que tem na educação sua principal bandeira eleitoral, Buarque foi ministro da Educação no primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele votou, porém, em 2016, favoravelmente ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Desde então, as relações do senador com movimentos sociais e grupos de esquerda ficaram abaladas.

Buarque tem também votado sistematicamente com o governo de Michel Temer (PMDB) e foi favorável à reforma trabalhista no Senado.