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Guto Ferreira é ameaçado, mas direção do Inter não 'vê espaço' para mudança

Guto Ferreira já leva pressão no comando do Internacional e tem trabalho avaliado - Ricardo Duarte/SC Internacional
Guto Ferreira já leva pressão no comando do Internacional e tem trabalho avaliado Imagem: Ricardo Duarte/SC Internacional

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

21/06/2017 07h36

O técnico Guto Ferreira nem bem chegou e já está ameaçado no Inter. Mesmo com menos de um mês de trabalho, a falta de um salto de rendimento no time combinado com pontuação aquém do esperado na Série B do Campeonato Brasileiro montam um cenário propício para saída. Pressionada, a direção do Colorado diz que 'não há espaço para mudança'.

Mas vê amplificado ecos sobre uma análise profunda do trabalho durante os próximos jogos, principalmente após a sequência de três empates na competição, o último nessa terça-feira quando o time ficou no 0 a 0 contra o Paraná Clube em casa.

"Não temos mais espaço para mudança. Já foi feito e não gostamos de fazer (troca de comissão técnica). Fizemos porque entendemos que seria necessário. O desempenho que estamos tendo está nos mostrando que era necessário a mudança. A comissão que chegou ainda não teve tempo de fazer as mudanças necessárias. Então, espaço para mudança não há mais. O campeonato está andando. É com essa comissão que vamos melhorar e vamos fazer um grande esforço para qualificar o time onde temos carências", afirmou o vice de futebol Roberto Melo.

Guto Ferreira assumiu o Inter no começo deste mês. Tem seis jogos no comando do time, com duas vitórias e quatro empates. Sob ordens dele, a equipe marcou oito gols e sofreu cinco. Com 14 pontos, o Colorado está fora da zona de classificação para Série A do ano que vem.

E não são apenas os resultados que incomodam. O principal problema é a falta de qualidade nas partidas do time. Nesta terça-feira, diante do Paraná, o Internacional fechou o jogo sem dar um chute sequer ao gol rival. Criou apenas uma oportunidade de gol e por pouco não perdeu.

Estes fatores geram uma pressão muito grande. A torcida quebrou cadeiras e arremessou os pedaços no gramado do Beira-Rio após o jogo. Aos gritos, do lado de fora, protagonizou o terceiro protesto forte do ano.

E nos bastidores o clima também não é de apoio total. Segundo apurou a reportagem do UOL Esporte, já há um movimento interno no clube que considera a demissão de Guto Ferreira, o quanto antes, o melhor para conseguir finalmente o crescimento necessário para voltar à elite.

"No futebol, se está para tudo. Tenho convicção do que faço e todos os projetos que peguei nestas condições, o final da competição foi de êxito. Até agora, a mão na massa da maneira que se gosta de trabalhar, não se pôs. Então, se fosse simplesmente no verbal, ai não precisava treinar, era só escalar e distribuir camisa. Futebol não é assim, é repetição e treinamento", disse Guto Ferreira.

Declarações do elenco e problema matemático

O que também torna curiosa a situação de Guto Ferreira é a falta de uma defesa do grupo de jogadores. Ceará reclamou da forma que foi tratado no clube após o empate com o Paraná. D'Alessandro preferiu dizer que 'tem uma opinião e não divulga' em vez de defender o técnico publicamente.

Por outro lado, Guto disse após o duelo contra o América-MG, há uma semana, que 'dentro de campo quem erra e acerta não é ele, são os jogadores'. Empurrando para os atletas uma parte da responsabilidade sobre os infortúnios.

Enquanto isso, uma eventual demissão também traz um problema matemático. O Inter precisou pagar a rescisão de contrato de seu técnico demitido Antonio Carlos Zago. Pagou R$ 500 mil ao Bahia para rescindir o vínculo de Guto Ferreira por lá, e agora precisaria pagar também a rescisão do treinador no clube. Algo impossível de ser planejado no momento.

Os próximos três jogos ditarão o destino da comissão técnica do Inter. O primeiro será diante do Brasil de Pelotas, sábado, no estádio Bento Freitas. Depois terá pela frente o Boa Esporte e o Criciúma no Beira-Rio.